1816, o «Ano sem Verão» e a Bicicleta
A ocorrência de um "Ano sem Verão" há 200 anos atrás poderá ter estado na origem da bicicleta. Curioso? Então é assim. Em 1816 sucedeu um dos maiores fenómenos de arrefecimento global conhecido pelo "Ano sem Verão”. Essa anormalidade climatérica surgiu devido à brutal erupção do vulcão Tambora, na Indonésia, que produziu uma significativa descida da temperatura nos meses de Verão, com neve e gelo a assolar muitas regiões da América do Norte e Europa. Em resultado dessa intempérie, houve grandes perdas na produção agrícola e animal. Um dos efeitos colaterais foi a redução do número de cavalos, seja por consequência direta do mau tempo ou indirecta pelo aumento do preço da aveia, o que conduziu a perturbações na actividade do transporte de passageiros. Há quem diga que tal constrangimento na mobilidade das cidades – e a antecipação dos riscos da dependência dos equinos - terá impulsionado o Barão Karl von Drais a criar (ou a aperfeiçoar) em Manhein, na Alemanha, a primeira geração de bicicletas que apresentou publicamente um ano depois em Paris. Não deixa de ser irónico que, dois séculos volvidos, estejamos novamente assustados com as mudanças climáticas, preocupados com a mobilidade nas cidades e a dependência de um modo de transporte (igualmente movido a cavalos) e a olhar para a bicicleta como parte da resposta a esses problemas. A história mostra-nos que, muitas vezes, não é preciso inventar a roda. Só precisamos de a usar de modo inteligente. Bom ano de 2016!