Vai ser lançado hoje em Lisboa o livro "Street Art Lisbon" (*) que pretende registar e mapear a arte urbana, também conhecida por «arte efémera». Interessante a proximidade desta forma de expressão artística com a do mundo financeiro. Em ambas encontramos o esforço de valorização do património através do disfarce e da cosmética e, como lembra Inês Machado hoje no Público, a qualquer momento «alguma pode ter deixado de existir». Apesar dos esforços da autoridades, «o lado underground vai sempre existir, é quase o pulsar deste(s) movimento(s)».
Ana Gerschenfeld apresenta hoje no Público as conclusões de um estudo muito interessante co-coordenado por Luís Bettencourt (Instituto Santa Fé - EUA) baseado na análise das comunicações móveis.
O estudo conclui que «seja qual for o tamanho da cidade onde vivemos, a probabilidade de que os nossos amigos se conheçam entre si não se altera», isto é, apesar de nas grandes cidades «haver maiores oportunidades de interagir com mais indivíduos e com indivíduos mais diversos» isso não ocorre.
É interessante e preocupante este resultado. Os autores sugerem uma explicação. Isto acontece porque «os seres humanos se organizam instintivamente em comunidades sociais compactas». Revelador. Apesar do imenso potencial relacional, estamos a formar grupos social e culturalmente demasiado homogéneos e pouco dialogantes entre si.
NOTA: HCM chama a atenção no Alcatruz para a particularidade da nossa sensibilidade relacional com estrangeiros, que explicará um pouco a colonização portuguesa (LINK). Será que estaremos a perder essa qualidade genética no micro-cosmos urbano português?
O caso de Aveiro também foi estudado. Segundo o estudo temos em média 8 contactos e a probabilidade de eles se conhecerem entre si é de 20% (http://senseable.mit.edu/urbanvillages/), valor semelhante ao de Lisboa.
Aqui está uma interessante pista de investigação levantada por Nicolau Santos hoje no Expresso. Se é verdadeira a hipótese de que quem paga publicidade nos media «compra» boas notícias, não seria importante conhecermos com rigor e detalhe, em todos os meios de comunicação social, a nível nacional, regional e local, quem são os principais investidores (privados e públicos) em publicidade? Não seria este um importante veículo para uma mais transparente relação entre os media e os cidadãos?
Precisamos encontrar a frequência que nos sintonize rapidamente de volta à anormalidade (sugerida por João Paulo Baltazar). Na TSF e no país. A minha homenagem a todos os que não desistem de a procurar!
A propósito do despedimento colectivo no grupo Controlinveste (TSF, JN, DN, entre outros), acabei de assinar a petição «Pela liberdade e democracia» http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT74087. Ainda há espaço para mais assinaturas. Importa agir, enquanto é tempo!
«A perda efectiva da Pátria e com ela do autogoverno e da democracia, é no actual curso europeu que está a mudar um projecto comunitário e de coesão, por um império imperfeito, incoerente, desigual e hierárquico, em que Portugal ocupa o downstairs. Serve para passar férias e está em prisão domiciliária por dívida» Pacheco Pereira,Público
SUBMISSÃO INACEITÁVEL II | «Que sentido tem a democracia portuguesa se os eleitores portugueses vão deixar de poder escolher quase tudo que é decisivo para o seu país e para as suas vidas?» Pacheco Pereira, Público
Temos o país em risco. 4 milhões de automóveis produzem diariamente mais de 60% das deslocações, 3x mais do que tínhamos há 20 anos, uma parte delas de curta duração. Andamos menos a pé (16%, menos 55% que em 1991) e de transporte colectivo (17%, menos 1/3 em igual período). Ao mesmo tempo, 1 milhão de adultos e 15% das crianças entre 6 e 9 anos são obesos. Mas não só. 3,5 milhões de adultos e 1/3 das crianças entre 6 e 9 anos têm excesso de peso. Temos cidades e cidadãos em risco cardiovascular, com consequências conhecidas.
A bicicleta enquanto modo de deslocação diário tem alguma expressão em certas zonas do país (sobretudo no Baixo Vouga, mas também no Baixo Mondego, Pinhal Litoral e Algarve), sobretudo nas deslocações para a escola e também trabalho. Mas tem expressão residual a nível nacional (0.5%).
Mas algo está a mudar. Em 2012 venderam-se mais bicicletas que automóveis (113.408 automóveis e 350.000 bicicletas). E exportamos 200 milhões de euros de bicicletas (o Paulo Rodrigues da ABIMOTA lembra que isto é um pouco menos de metade da cortiça). Somos o 5.º maior produtor de acessórios e o 7.º de bicicletas na Europa.
Para além dos 30.000 utilizadores regulares, mais de 100.000 pessoas praticam desporto em bicicleta. E alguns usam-na em passeios de fim-de-semana e em férias.
A bicicleta pode ajudar a tratar da saúde das nossas cidades, da nossa economia, da nossa saúde. Talvez não seja preciso inventar a roda, mas podemos encontrar a mudança certa. E cada um de nós pode fazer algo por isso!